Bolsonaro é preso: Notícia chega a imigrantes com reações discretas e cautelosas

Em meio a rotinas de trabalho, comunidades estrangeiras no país acompanham a prisão de Bolsonaro com opiniões que vão da aprovação à preocupação, mas sem grande destaque nas redes sociais das coletividades migrantes.

São Paulo • 22/11/25 às 13:04h
Atualizado • 22/11/25 às 13:29h

A notícia da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal, na manhã deste sábado (22), repercutiu pelo noticiário brasileiro e chegou também aos celulares e conversas de imigrantes que hoje constroem suas vidas no Brasil. No entanto, nas redes sociais e grupos de discussão dessas comunidades, o assunto tem sido tratado com uma modéstia que contrasta com a intensidade do fato político.

Para muitos, a pauta é acompanhada de longe, entremeada por postagens sobre documentação, oportunidades de trabalho, saudades de casa e a rotina de adaptação em um novo país. A polarização que caracteriza o debate entre brasileiros parece se diluir quando o foco é a estabilidade necessária para recomeçar a vida longe do país de origem.

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Em grupos de ativistas no WhatsApp, por exemplo, os poucos comentários sobre o caso vão desde uma aprovação discreta, vista como um sinal de fortalecimento das instituições, até uma certa apreensão sobre o que o fato pode representar para a estabilidade do país que os acolheu. “Aqui a gente busca paz e trabalho. Ver notícias assim dá um pouco de medo de crises, mas confiamos na Justiça”, comentou, sob anonimato, uma imigrante boliviana que reside em São Paulo.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que citou a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica e o risco de tumulto com uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro, foi um dos pontos mais técnicos compartilhados, muitas vezes acompanhado de explicações para quem não está totalmente familiarizado com o sistema jurídico brasileiro.

Já a defesa do ex-presidente, que pediu prisão domiciliar humanitária citando problemas de saúde permanentes, foi recebida com um misto de ceticismo e compreensão. A experiência de muitos imigrantes com sistemas de saúde frágeis em seus países de origem torna o debate sobre o acesso à medicina prisional particularmente sensível.

Enquanto o Brasil discute os desdobramentos políticos e jurídicos do caso, para as comunidades de imigrantes, o episódio é mais um capítulo a ser observado com atenção, mas sem o engajamento fervoroso visto em outros setores da sociedade. A prioridade, para a maioria, segue sendo a conquista do dia a dia: um emprego estável, a regularização dos documentos e a construção de um novo lar em terras brasileiras. A notícia de capa do país é, para eles, um ruído distante em uma frequência já lotada de desafios mais immediatos.

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Duas opiniões: Divergências na família Bolsonaro na pauta migrante

A visão do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre imigrantes não era inédita. Em 2014, ele já havia declarado a um veículo boliviano que “o que há de pior no mundo está vindo para cá”, durante uma entrevista sobre violência contra comunidades estrangeiras no Brasil.

Em um contraponto à visão do pai, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em entrevista ao Bolívia Cultural no último dia 5 de outubro de 2024, apresentou uma perspectiva distinta sobre a imigração. Ao reconhecer a formação plural do país, ele afirmou que o Brasil “é construído por imigrantes” e que “praticamente todos nós temos alguma influência de outro país… nosso povo é naturalmente miscigenado”.

Dirigindo-se diretamente à comunidade do entrevistador, o parlamentar completou: “Todos aqueles que vêm pra cá a fim de construir, trabalhar e melhorar nossa sociedade são muito bem-vindos, assim como aos bolivianos que trabalham aqui em São Paulo”. As duas entrevistas, separadas por uma década, ilustram as visões distintas e em evolução dentro da própria família Bolsonaro sobre a pauta migrante no Brasil.

foto – Fábio Rodrigues-Pozzebom
Agência Brasil

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