Artistas amazonenses publicam HQ sobre o líder indígena Ajuricaba
O estúdio amazonense Black Eye lança nesta terça-feira (15), a graphic novel “Ajuricaba”, uma história em quadrinhos de 132 páginas que conta a saga do líder indígena manao, responsável pela maior campanha de resistência anticolonialista das nações indígenas do Amazonas no século XVIII.
15 de dezembro de 2020
Escrito por Luiz Andrade
Revisado por Thiago Henrik
A HQ, que também será distribuída em bibliotecas públicas e algumas escolas municipais, é fruto de edital da Prefeitura de Manaus, Conexões Culturais de 2018, que deu as condições financeiras para que o livro viesse a ser publicado pelo selo Black Eye.
Ajuricaba foi criada e roteirizada pelo jornalista, roteirista e ilustrador Ademar Vieira e contou com os desenhos do quadrinista Jucylande Júnior, do estúdio C-4; com a arte-final do ilustrador Tieê Santos e capa de Ana Valente, todos artistas manauaras.
Para Ademar Vieira, a obra vai muito além do entretenimento, pois tem um valor histórico e cultural bastante simbólico para o povo de Manaus e do Amazonas. “Antes de escrever o roteiro, eu fiz uma pesquisa histórica e antropológica para conhecer mais sobre Ajuricaba e os manaos e recebi ajuda do escritor Márcio Souza e do historiador Davi Avelino. Tive acesso a um vasto material muito específico sobre o momento histórico em que a HQ se passa, por isso, eu acho que essa é uma história bastante necessária para o público de hoje, principalmente para que os manauaras conheçam melhor a sua própria história”, contou.
A graphic novel, ou novela gráfica, reconstitui a saga de Ajuricaba pouco antes de ele se tornar tuxaua (líder) da tribo Manao. Os manaos ou manaós eram a maior tribo guerreira da região do Rio Negro e dominavam diversas outras. A princípio a tribo era aliada dos portugueses, que faziam trocas para conseguir escravos indígenas que eram levados para o trabalho no engenho de cana de açúcar no Pará e Maranhão, mas após o assassinato do pai de Ajuricaba ele assume o comando dos manaos e inicia uma longa campanha de guerra ao colonialismo português, que dura cinco anos e mobiliza mais 30 nações indígenas.
Segundo Ademar Vieira, o que faz de Ajuricaba um personagem tão interessante é a sua astúcia e personalidade forte. “Ajuricaba não cedeu a nenhum acordo de paz e nunca desistiu de lutar. Ele não queria acordo. Para ele só existia um jeito de viver: sendo livre. Para combater os portugueses em pé de igualdade, ele conseguiu armar seu exército com mosquetes holandeses, por meio de acordos comerciais e também construiu um forte no meio da floresta, onde se escondia”, disse o roteirista.
O desenhista Jucylande Júnior desenvolveu um traço peculiar especialmente para a graphic e conta sobre as dificuldades do projeto. “Esse foi o projeto mais diferente e mais longo que eu já participei. Tivemos vários problemas. Eu perdi meu pai e minha mãe nesse período e tive que parar, mas conseguimos terminar e o resultado está bem satisfatório. Desde o início, o Ademar me cobrou para que eu me desafiasse e criasse um traço novo, mais simples do que eu fazia e demorei muito para chegar ao resultado final, mas quando cheguei, todo mundo gostou e até hoje esse traço tem rendido bons feedbacks e abrindo portas para mim”, relatou.
Resgate da língua manao
A obra também faz um resgate da extinta língua manao. Algumas das poucas palavras do idioma extinto no século XVIII registradas, foram utilizadas nas falas dos personagens da hq. “De toda a riqueza da língua manao apenas 140 palavras foram registradas por um expedicionário francês, quase um século antes dos acontecimentos da hq. Eu tive acesso a esse livro e traduzi do latim para o português e algumas delas nós utilizamos na graphic novel para que o público de Manaus tivesse contato com o idioma do povo que deu origem ao nome da cidade”, relatou Ademar Vieira.
Nesta quarta-feira (16) às 2 h, Ademar Vieira participará de live com o perfil do Mapingua Nerd para falar sobre a obra, participem!
Onde comprar
Ajuricaba está disponível na Banca do Largo com alguns exemplares autografados pelos autores e também pode ser adquirida por meio de vendas on-line no perfil da @blackeyeestudio no Instagram.
fonte: mapinguanerd.com.br
SP oferece cursos de inclusão digital a pessoas com deficiência
Programa dá orientações para quem deseja aprender a usar recursos de celulares e computadores no dia a dia e garante mais autonomia
Deixe um comentário
Quase lá...