Evento de encerramento do projeto humanitário foi realizado ontem na Embaixada da Itália em Brasília, com apresentação de dados que evidenciam a proteção e inclusão socioeconômica de pessoas refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil
Publicado • 13/02/25 às 13:39h
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Embaixada da Itália em Brasília, em parceria com a Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), realizaram na tarde de ontem o evento de encerramento do projeto humanitário voltado à proteção e inclusão socioeconômica de pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas no Brasil. Com investimento de 500 mil euros, a iniciativa beneficiou mais de 5 mil pessoas em Roraima, priorizando comunidades indígenas, crianças e adolescentes.
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O evento de conclusão do projeto “Fornecendo proteção e assistência humanitária à refugiados e migrantes da Venezuela”, sediado na Embaixada da Itália em Brasília, reuniu representantes dos governos da Itália e do Brasil, do ACNUR, da Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI) e de outras organizações parceiras para reforçar a importância da colaboração internacional na resposta à crise de deslocamento venezuelano. Durante os 12 meses de implementação, o projeto garantiu acesso a documentação, educação, saúde, moradia emergencial e apoio financeiro para pessoas em situação de vulnerabilidade nas cidades de Pacaraima e Boa Vista.
O financiamento da Cooperação Italiana reforçou a resposta humanitária da Operação Acolhida, assegurando proteção e orientação legal, além de abrigamento para cerca de 4 mil pessoas refugiadas e migrantes. Aproximadamente 650 pessoas em situação de extrema vulnerabilidade receberam auxílio financeiro para fortalecer sua autonomia.
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“Este projeto tem sido um farol de esperança para muitos. Ao longo do último ano, testemunhamos um progresso notável na prestação de proteção essencial e assistência humanitária a algumas das populações mais vulneráveis que entram no Brasil pela fronteira norte. O impacto desta iniciativa nas vidas das famílias refugiadas e migrantes da Venezuela não pode ser subestimado”, afirmou Davide Torzilli, Representante do ACNUR no Brasil.
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Atividades esportivas e culturais também foram promovidas, impactando diretamente 500 crianças, adolescentes e adultos, contribuindo para a convivência pacífica e o combate à xenofobia.
O Embaixador da Itália no Brasil, Alessandro Cortese, reforçou a importância da cooperação internacional. “A solidariedade é um valor fundamental para a Itália e estamos comprometidos em apoiar iniciativas que garantam dignidade e oportunidades para pessoas refugiadas e migrantes em situação de vulnerabilidade”.
O Diretor da AICS, Mario Beccia, ressaltou “o compromisso da Itália com a resposta humanitária continua firme, garantindo que aqueles que mais precisam recebam o apoio necessário para reconstruir suas vidas”.
Em nome do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, o Secretário Nacional de Assistência Social, André Quintão, assegurou ser prioridade a integração de refugiados na política nacional. “São pessoas que trazem conhecimentos, competências, culturas e oportunidades que enriquecem nosso país, sendo este um marco delimitador de como enxergamos essas populações. Temos sim desafios, mas destaco a importância dessas populações serem contempladas pelas políticas públicas brasileiras em sua diversidade”, afirmou. Pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Secretário Nacional de Justiça, Jean Uema, enfatizou a importância de haver investimentos para as necessidades humanitárias em apoio às organizações que trabalham na temática, “em um cenário de crescente desafios”.
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O evento contou com a presença de famílias venezuelanas beneficiadas pelo projeto, evidenciando a superação dos desafios por elas enfrentados. “Somos uma família de quatro membros e nossos filhos foram a motivação para termos decido partir em busca de acesso à saúde, educação, qualificação e liberdade. Em toda nossa jornada, encontramos muitas oportunidades de crescimento que propiciaram hoje estarmos em segurança e trabalhando”, disse a mãe venezuelana Maria Gabriela.
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Parceiro do ACNUR e da Operação Acolhida, sendo implementadora do projeto da AICS, Fabrizio Pellicelli, Diretor da AVSI Brasil, destacou em sua fala o componente humanitário da resposta emergencial ao tema dos venezuelanos no Brasil. “A integração das pessoas deve estar relacionada com a sua própria dignidade”, mencionando uma mensagem do Papa Francisco ao tema para acolher, proteger, promover e integrar quem deixou os seus lares em busca de proteção e oportunidades de reconstruir suas vidas.
A Agência da ONU para as Migrações (OIM) esteve presente e reforçou o papel da organização nas diversas frentes de atuação da Operação Acolhida, com destaque para os mecanismos existentes de garantia de direitos da população migrante e refugiada da Venezuela no país.
O ACNUR reforça a importância da responsabilidade compartilhada entre os setores público, privado, agências de desenvolvimento e organizações da sociedade civil, permitindo uma resposta coordenada e eficaz frente aos desafios do deslocamento forçado e que tem sido sistematicamente subfinanciado em relação às necessidades existentes.
A assistência humanitária não apenas garante a sobrevivência da população refugiada, mas também abre caminhos para sua efetiva integração socioeconômica, permitindo que contribuam ativamente para sua autossuficiência e para o desenvolvimento das comunidades que os acolhem.
Iniciativas como o projeto “Fornecendo proteção e assistência humanitária às comunidades indígenas e às crianças e adolescentes refugiados e migrantes da Venezuela” demonstram como o apoio internacional pode transformar desafios humanitários em oportunidades de inclusão e crescimento para todos, dialogando com a Agenda 2030 das Nações Unidas para que ninguém seja deixado para trás.