Publicado em 20/03/24 às 16:12h.
Atualizado em 20/03/24 às 20:29h.
É crucial reconhecermos a riqueza cultural e espiritual dos povos originários da América do Sul, uma herança que transcende os séculos e oferece insights valiosos para os desafios contemporâneos. Enquanto muitos no Brasil ainda desconhecem a verdadeira significância do 12 de outubro, data marcada pela chegada de Cristóvão Colombo e dos europeus em 1492, nos países latino-americanos de língua espanhola, essa ocasião é celebrada como o dia da raça ou da hispanidade.
Desde 1992, movimentos sociais têm organizado o Grito dos Excluídos e Excluídas, uma manifestação que atravessa fronteiras continentais e reafirma a visão de uma “Nuestra América”, uma visão compartilhada por líderes como Simon Bolívar e José Martí, que sonhavam com a união deste vasto continente em uma única pátria.
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Nos últimos anos, os países sul-americanos têm reconstruído um caminho comum, revitalizando suas riquezas culturais ancestrais que foram negligenciadas em detrimento de interesses comerciais e políticos. Em toda a região, testemunhamos uma ressurgência dos povos originários, que há muito tempo defendem uma visão de equilíbrio e harmonia com a natureza, representada pela energia da Pachamama.
A expressão “Abya Yala”, originária do idioma Kuna, significa “Terra Viva” ou “Terra que floresce”, capturando a essência da conexão profunda entre os povos sul-americanos e a terra que habitam. Para esses povos, é imperativo reconstituir o equilíbrio e o amor que sustentam o universo, uma missão conhecida como Pachacuti.
Diante da crise multifacetada que assola a civilização ocidental, é essencial uma nova aliança da humanidade, uma aliança que reconheça e valorize a sabedoria dos povos originários. O diálogo intercultural deve ser baseado em uma purificação da memória e no reconhecimento das injustiças históricas perpetradas contra essas comunidades.
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Hoje, mais do que nunca, os povos indígenas enfrentam ameaças existenciais, como destacado pelo Papa Francisco em sua visita à Amazônia peruana. Contudo, é também um tempo de resistência e renovação da identidade, conforme evidenciado no livro “Abya Yala, Genocídio – Resistência – Sobrevivência dos povos originários do atual continente americano”
“Latido-América, um povo que pulsa como um único coração, é um povo originário que merece ser ouvido. Nossa cultura é viva, respira e deve ser valorizada. A sustentabilidade da natureza está em nossas mãos, em nossas músicas, em nosso tecido, em nossa arte e em nossa dança, girando e girando como a Terra orbita na Via Láctea“, afirma Mónica Medina, ativista da cosmovisão andina amazônica em La Paz, Bolívia.
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De hoje em diante, celebremos a resistência e a identidade comum dos povos sul-americanos, unidos no compromisso comum de libertação do consumismo, integração solidária e construção de um novo futuro. Somos herdeiros de uma tradição ancestral que nos guia rumo à justiça, à sustentabilidade e à harmonia com toda a vida na Terra.
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