Líder do IMDH e da RedeMir, a religiosa scalabriniana teve atuação destacada em favor das legislações brasileiras de migração e de refúgio; outras quatro mulheres também foram reconhecidas pelo Prêmio Nansen em categorias regionais.
Publicado • 09/10/24 às 09:35h
Uma das maiores e mais respeitadas referências no Brasil na atuação em prol de migrantes, incluindo deslocados forçados, a religiosa católica brasileira Rosita Milesi, 79, foi anunciada nesta quarta-feira (9) como vencedora da edição 2024 do Prêmio Nansen.
A honraria é concedida anualmente pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, a pessoas e entidades com atuação reconhecida em prol dessa comunidade. Grosso modo, o Prêmio Nansen pode ser considerado uma espécie de Nobel pela defesa dos direitos de pessoas refugiadas.
“Decidi me dedicar a migrantes e refugiados. Sou inspirada pela crescente necessidade de ajudar, acolher e integrar refugiados”, disse Irmã Rosita, como é mais conhecida, em entrevista oficial ao ACNUR. “Não tenho medo de agir, mesmo que não alcancemos tudo o que queremos. Se assumo algo, vou virar o mundo de cabeça para baixo para fazer acontecer”, acrescentou.
Atuando desde a década de 1980 na temática migratória, irmã Rosita Milesi é líder do IMDH (Instituto Migrações e Direitos Humanos), entidade presente em Brasília e Boa Vista no apoio e orientação a pessoas migrantes e em necessidade de proteção internacional. Ela ainda é coordenadora da RedeMIR, que engloba cerca de 70 organizações que atuam para fortalecer a solidariedade entre as pessoas em movimento e as comunidades que as acolhem.
Advogada de formação, Rosita usou tal experiência para atuação decisiva em prol das duas principais legislações relacionadas ao arcabouço migratório e de deslocamento forçado no Brasil: a Lei de Refugiados Lei 9.474/1997) e a Lei de Migração (Lei 13.445/2017).
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“Qualquer lei dura muitos anos. Boa ou ruim, é difícil desfazer. Então, não podíamos deixar que uma lei com um conceito limitado fosse aprovada se houvesse a possibilidade de ampliá-la”, disse ela ao ACNUR sobre a Lei de refúgio brasileira, considerada um modelo internacional por contemplar a definição mais ampla do conceito, dada pela Convenção de Cartagena (1984). “Até escrevi para o Vaticano em Roma, pedindo que enviassem uma carta ao governo brasileiro dizendo o quão importante era ampliar o conceito de refugiado. E o Vaticano colaborou. Enviaram a carta, graças a Deus”, complementou.
Criado em 1954, o Prêmio Nansen leva o nome do explorador polar norueguês Fridtjof Nansen (1861-1930), ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1922 e primeiro Alto Comissário para os Refugiados da Liga das Nações, entidade precursora da ONU.
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fonte: migramundo.com