Após a pior participação da seleção boliviana na Copa América 2024, Marcelo Moreno, ex-atleta e artilheiro da seleção, levanta questionamentos críticos. Moreno sugere que os dirigentes do futebol boliviano sejam questionados sobre o destino do dinheiro da Federação Boliviana de Futebol. Ele destaca a necessidade de maior transparência e de um projeto estrutural para o desenvolvimento do esporte no país.
Publicado • 08/07/24 às 11:22h
Marcelo Moreno, conhecido como o ‘Matador’ e ídolo do futebol boliviano, levantou uma questão crucial após a pior participação da história da Seleção Boliviana na Copa América 2024: para onde vai o dinheiro da Federação Boliviana de Futebol (FBF)? Em uma crítica contundente, Moreno apontou a falta de infraestrutura esportiva no país, destacando a ausência de um estádio de nível internacional e de uma sede própria para os treinos da seleção nacional.
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“Nós não temos um estádio a nível internacional. A seleção não tem sua própria sede para treinar, até o Panamá deve ter sua sede de treinamento. E não estamos falando de falta de recursos econômicos”, declarou Moreno, enfatizando que o problema não está na falta de dinheiro, mas na sua má gestão.
Após a desastrosa campanha na Copa América, onde a Bolívia sofreu derrotas humilhantes e terminou na última posição, as críticas de Moreno ganham ainda mais relevância. Ele argumentou que a problemática é muito mais profunda do que uma fraca participação da seleção em um torneio. Segundo ele, o verdadeiro problema é estrutural e envolve a falta de um projeto estrutural para o desenvolvimento do futebol no país.
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O ex-atacante foi além ao criticar o papel da mídia esportiva na Bolívia. Segundo Moreno, os jornalistas esportivos possuem informações detalhadas sobre os jogadores, incluindo estatísticas de gols e desempenho em partidas, mas negligenciam o escrutínio sobre os dirigentes da FBF. “Os jornalistas são muito informados e têm todos os dados dos jogadores. Por exemplo, quantos gols fizeram em partidas, os promedios, mas me pergunto, por que não fazem o mesmo com os dirigentes, com a gente que tem que fazer a investimento nas canchas?”, questionou.
Marcelo criticou a imprensa por focar exclusivamente no rendimento do técnico Antonio Carlos Zago e dos jogadores, sem direcionar perguntas difíceis aos dirigentes, que também são responsáveis pelos repetidos fracassos da seleção boliviana, conhecida como “La Verde”. Ele instigou os jornalistas a investigar e divulgar quanto os dirigentes ganham, quanto recebem por participação em torneios como a Copa América e as Eliminatórias, e quanto arrecadam com patrocinadores ao longo dos anos em que estão no poder.
“Assim como sabem tudo dos jogadores de futebol, que saibam quanto ganham, quanto recebem os dirigentes por participação em Copa América, Eliminatórias; quanto arrecadam com os patrocinadores durante tantos anos que estão na direção; onde investem esse dinheiro? Esse é um trabalho que os jornalistas deveriam fazer também”, enfatizou.
As declarações de Marcelo Moreno refletem uma preocupação crescente com a transparência e a gestão dos recursos no futebol boliviano. Ele pede por uma maior responsabilidade e transparência dos dirigentes da FBF, além de um jornalismo esportivo mais investigativo e crítico, que vá além do desempenho dentro das quatro linhas e examine também os bastidores e a administração do esporte no país.
Moreno argumentou que os fracassos sucessivos da seleção boliviana não podem ser atribuídos apenas aos jogadores e à comissão técnica. Ele destaca que a falta de investimentos em infraestrutura e na formação de novos talentos é um reflexo da má administração e da falta de um projeto sólido para o desenvolvimento do futebol na Bolívia. “Não podemos continuar culpando apenas os jogadores e os técnicos. Precisamos olhar para os dirigentes e perguntar: onde estão investindo o dinheiro? O que estão fazendo para melhorar o futebol no país?”, questionou Moreno.
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A fala de Moreno Martins vem em um momento crucial para o futebol boliviano, que enfrenta uma crise de confiança tanto dos torcedores quanto dos próprios jogadores. Ele acredita que, sem uma mudança significativa na forma como o futebol é gerido no país, a Bolívia continuará a ter desempenhos fracos em competições internacionais. “Precisamos de um plano de longo prazo, de investimentos sérios em infraestrutura e na formação de novos jogadores. Só assim poderemos esperar melhores resultados no futuro”, concluiu.
As palavras de Marcelo Moreno ressoam como um chamado à ação para todos os envolvidos no futebol boliviano. Ele defende que é necessário um esforço conjunto entre dirigentes, jogadores, técnicos e jornalistas para transformar a realidade do esporte no país. A crítica contundente de Moreno destaca a urgência de uma reforma profunda na administração do futebol boliviano, com maior transparência e responsabilidade na gestão dos recursos financeiros.