Durante a tradicional celebração do Dia de Todos os Santos em São Paulo, um episódio inesperado chamou a atenção dos presentes. Um cidadão não identificado inseriu o nome do ex-presidente boliviano Evo Morales na lista de difuntos a serem lembrados na cerimônia, surpreendendo a comunidade.
Publicado • 18/11/24 às 09:38h
Atualizado• 18/11/24 às 16:57h
São Paulo, cidade que concentra a maior comunidade boliviana no Brasil, tornou-se palco de um curioso episódio durante a celebração da missa de Finados. A comunidade boliviana, que mantém vivas suas tradições culturais e religiosas no país, reuniu-se para homenagear seus entes queridos falecidos, conforme a tradição da Missa de Todos os Santos (02/11/24). Durante a cerimônia, o nome de Juan Evo Morales Ayma, ex-presidente da Bolívia, foi mencionado como um dos “difuntos” a serem lembrados. O episódio gerou risos contidos entre os fiéis presentes, destacando uma mudança significativa no apoio que o ex-líder tinha entre a população imigrante pelo mundo afora.
O nome foi mencionado durante as orações pelos falecidos, mas sem o consentimento do pároco responsável pela celebração, que só foi informado do ocorrido dias depois. O sacerdote manifestou surpresa e reforçou que o objetivo da missa é honrar os mortos de forma respeitosa, sem qualquer conotação política ou provocações.
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O declínio de uma liderança
Há apenas cinco anos, Evo Morales era amplamente apoiado pelos imigrantes bolivianos no Brasil, especialmente por sua narrativa de inclusão e defesa das comunidades indígenas. No entanto, sua reputação despencou após acusações de corrupção, escândalos pessoais envolvendo menores de idade e conflitos internos dentro de seu próprio partido político, o Movimento ao Socialismo (MAS).
A leitura de seu nome como “morto político” na missa celebrada em São Paulo coincide com um momento crítico para Morales. Recentemente, o Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP) da Bolívia confirmou sua inelegibilidade não apenas para a presidência, mas também para qualquer cargo no Poder Executivo e Legislativo, incluindo a vice-presidência e presidência das Câmaras Legislativas.
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Decisão do Tribunal Constitucional e o “fim de ciclo”
A decisão do TCP, divulgada em 8 de novembro de 2024, reafirma que o ex-presidente excedeu o limite de 10 anos no comando do Poder Executivo, permitido pela Constituição Boliviana. Morales governou o país por quase 14 anos, entre 2006 e 2019, antes de renunciar em meio a acusações de fraude eleitoral e intensos protestos populares.
A decisão do Tribunal também ocorre em meio à batalha de Morales contra o atual presidente da Bolívia, Luis Arce, por influência política e liderança da esquerda boliviana. Com a exclusão de Morales do cenário eleitoral, especialistas avaliam que o MAS enfrenta o desafio de reorganizar suas lideranças e reavaliar suas estratégias para as próximas eleições.
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Reflexo no Brasil
O episódio na missa de Todos os Santos em São Paulo revela que o desgaste da imagem de Morales não está restrito à Bolívia. A comunidade boliviana no Brasil, que já foi um de seus bastiões de apoio, hoje parece distante de sua figura, sinalizando um “fim político” também no exterior.
Enquanto os imigrantes bolivianos continuam a celebrar suas tradições e a integrar-se à sociedade brasileira, o nome de Evo Morales, outrora exaltado como símbolo de resistência e renovação, surge agora de forma incipiente, refletindo as complexas dinâmicas políticas de seu país de origem.
fonte:
Vídeo Ocasión (06:15:00)