Número de Empreendedores Estrangeiros no Brasil Tem um Crescimento de 73%

De acordo com um levantamento do Sebrae, atualmente existem 74,2 mil Microempreendedores Individuais (MEI) de imigrantes no Brasil. Esse número é 73% maior do que o registrado em 2019, antes da pandemia, quando havia 42,9 mil MEIs estrangeiros.

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Número de Empreendedores Estrangeiros no Brasil Tem um Crescimento de 73%

Os empreendedores representam 5,7% do total de imigrantes no Brasil, segundo dados do Ministério da Justiça, que contabilizou 1,3 milhão de imigrantes em 2021.

Entre as dez nacionalidades com mais empreendedores estrangeiros no Brasil, sete são da América Latina. Venezuela, Bolívia, Colômbia, Argentina, Uruguai, Peru e Uruguai concentram 56% dos MEIs estrangeiros.

Principais dados fornecidos pelo Sebrae:

Existem 74,2 mil Microempreendedores Individuais (MEI) ativos de outras nacionalidades no Brasil.

O número é 73% superior ao registrado em 2019, quando existiam 42,9 mil.

O montante de MEI estrangeiros corresponde a 5,7% do total de imigrantes no país.

O estudo realizado pelo Sebrae, com base em dados da Receita Federal de maio de 2023, também apurou as atividades em que os empreendedores estrangeiros mais atuam. Um a cada quatro trabalham com comércio ou fabricação de roupas. A área da beleza também está entre as mais procuradas, com um universo de 6% de estrangeiros, seguida pela de atividades de ensino, com 5%, e alimentação e bebida, com 4%. Entre as dez nacionalidades que mais têm estrangeiros empreendedores no Brasil, sete são da América Latina. Juntos, Venezuela, Bolívia, Colômbia, Argentina, Uruguai, Peru e Uruguai concentram 56% dos MEI estrangeiros.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, ter o próprio negócio tem sido a forma mais acessível para muitos estrangeiros conseguirem uma fonte de renda no país.

“Muitos estrangeiros, entre eles refugiados, veem no empreendedorismo uma forma de inclusão social e econômica. A figura jurídica do MEI, criada há 15 anos, torna mais fácil ainda essa inclusão dos estrangeiros na economia brasileira e, por isso, temos acompanhado esse crescimento de formalização nos últimos anos”, pontua.

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Como os estrangeiros podem se formalizar no Brasil

O estrangeiro pode se formalizar como microempreendedor individual através da plataforma gov.br. Contudo, é necessário ter Carteira Nacional de Registro Migratório ou Documento Provisório de Registro Nacional Migratório ou Protocolo de Solicitação de Refúgio, que podem ser solicitados via cadastro no departamento de Polícia Federal com a indicação do nº de registro. Para estrangeiros com visto temporário, será permitido registro como MEI apenas para cidadãos de países membros do MERCOSUL e dos Estados Associados e que possuam residência temporária de dois anos, dessa forma, poderá ser empresário, titular ou sócio ou administrador. Atualmente, não é mais necessário fazer uma Declaração de Imposto de Renda de PF.

Veja as 10 atividades que mais possuem MEI entre estrangeiros:

Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios: 11.145 (15,02%)

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas: 7.487 (10,09%)

Cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza: 4.249 (5,72%)

Atividades de ensino não especificadas anteriormente: 3.845 (5,18%)

Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas: 2.919 (3,93%)

Serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada: 2.243 (3,02%)

Atividades de publicidade não especificadas anteriormente: 2.096 (2,82%)

Comércio varejista de outros produtos novos não especificados anteriormente: 1.813 (2,44%)

Serviços especializados para construção não especificados anteriormente: 1.771 (2,39%)

Ensino de idiomas: 1.570 (2,12%).

Confira os 10 países de origem que mais possuem MEI:

Venezuela: 10.360 (14%)

Bolívia: 9.882 (13,3%)

Colômbia: 6.613 (8,9%)

Argentina: 5.727 (7,7%)

Haiti: 4.148 (5,6%)

Uruguai: 3.450 (4,6%)

Peru: 3.280 (4,4%)

Senegal: 3.022 (4,1%)

Portugal: 2.927 (3,9%)

Paraguai: 2.617 (3,5%).

Capacitação para imigrantes empreendedores, um caminho que está dando frutos em São Paulo.

A capacitação para imigrantes empreendedores tem se mostrado um caminho promissor nos últimos dez anos, com iniciativas que visam fornecer cursos e mentorias em parceria entre o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e ONGs que atendem imigrantes. Essa abordagem tem resultado na criação de demandas em diversos segmentos e atividades desenvolvidas pelos imigrantes no mercado brasileiro. É importante ressaltar que muitos imigrantes possuem qualificações técnicas que os ajudam a enfrentar o mercado brasileiro com maior flexibilidade, graças a uma perspectiva global mais prática.

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Curso: Empreender & Transformar em parceria com o Sebrae - Foto CAMI - 2023


O trabalho em rede entre a sociedade civil e instituições do terceiro setor tem gerado resultados significativos, atraindo a atenção de milhares de imigrantes empreendedores que buscam cada vez mais cursos para qualificar e impulsionar suas iniciativas. Carla Aguilar, do CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante), que trabalha há mais de 10 anos com projetos de capacitação e mentoria em parceria com o SEBRAE, em diversos bairros do município e do estado de São Paulo, destacou a importância dessa colaboração.

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Programa Sebrae Delas! - Aulas de inteligência emocional, planejamento, finanças, marketing e formalização - Curso presencial e gratuito! em parceria com o Sebrae e o Instituto OMNI - foto: Centro do Imigrante.


O Centro do Imigrante, como parte da rede de capacitação de empreendedores em parceria com o Sebrae, tem concentrado seus esforços na valorização das mulheres empreendedoras. Elizete Perussi, coordenadora do Centro do Imigrante no Bairro do Brás, em São Paulo, ressaltou que capacitar uma mulher imigrante traz um retorno social em dobro. Além de ser provedora da família, o fato de ser dona do próprio negócio afasta a ameaça da violência patrimonial, que é um fator de inúmeras violências dentro do contexto da imigração latino-americana.

Essas iniciativas de capacitação e apoio aos imigrantes empreendedores têm mostrado resultados positivos e impactos significativos em suas vidas e nas comunidades em que estão inseridos. Além de promover a autonomia econômica e a integração social dos imigrantes, essas ações contribuem para a diversificação do mercado brasileiro e estimulam a economia local. Ao fornecer conhecimento, habilidades e suporte, o Sebrae e as ONGs parceiras estão desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento desses empreendedores e na construção de um ambiente mais inclusivo e acolhedor para os imigrantes no Brasil.

Comunicação e promoção de cursos de capacitação, ajudam a incentivar o empreendedorismo dos imigrantes

A comunicação e promoção dos cursos oferecidos gratuitamente pelo Sebrae em parceria com ONGs no estado de São Paulo têm desempenhado um papel fundamental na disseminação do conhecimento nas comunidades de imigrantes. Antonio Andrade, fundador e diretor do portal Bolívia Cultural, Rede Planeta América Latina e o Guia do Imigrante, tem se dedicado há mais de 15 anos a promover iniciativas de capacitação por meio de suas plataformas digitais. Ele acredita que a divulgação dessas atividades deve ser ampliada em todos os ambientes.

Uma das iniciativas da Rede de comunicação dos imigrantes foi a criação 2018 do projeto "EU SOU - YO SOY", composto por pequenos vídeos que contam as histórias de imigrantes empreendedores de sucesso. Os personagens desses vídeos compartilham suas experiências e conquistas no mercado brasileiro, incentivando jovens imigrantes a perseguirem seus sonhos. Essas histórias de sucesso servem como inspiração e motivação, mostrando que é possível superar desafios e alcançar o sucesso empresarial mesmo em um novo país.

Através dos vídeos do projeto "EU SOU - YO SOY", os imigrantes empreendedores têm a oportunidade de compartilhar suas trajetórias, suas estratégias de negócios e os obstáculos que enfrentaram ao longo do caminho. Essas histórias oferecem insights valiosos e exemplos concretos de como é possível empreender com sucesso, mesmo diante das adversidades.

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Empreendedores imigrantes celebram conquista do certificado de Manipulação de Alimentos da ANVISA - Janeiro de 2015. Foto - Bolívia Cultural.


A iniciativa de compartilhar as histórias de sucesso dos imigrantes empreendedores por meio de vídeos também ajuda a desmistificar estereótipos negativos associados à imigração. Ao apresentar exemplos concretos de imigrantes que encontraram sucesso no empreendedorismo, essas histórias desafiam preconceitos e mostram o potencial e a contribuição positiva dos imigrantes para a sociedade e a economia local.

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