Crítica: O Contador 2 – Uma sequência eletrizante que expõe a violência latino-americana contra os mais vulneráveis

Filme mergulha em temas urgentes, como migração e infância desprotegida, enquanto equilibra ação, humor e drama em uma narrativa com sotaque latino – O Contador 2, estreia no Brasil em 24 de abril de 2025.

Publicado • 22/04/25 às 18:36h
Atualizado • 22/04/25 às 19:56h

Quando O Contador (2016) chegou aos cinemas, apresentou ao mundo Christian Wolff (Ben Affleck), um gênio matemático com habilidades letais e um passado repleto de traumas. Agora, em O Contador 2, o diretor Gavin O’Connor aprofunda essa dualidade em uma sequência que não apenas supera o original em ritmo e complexidade emocional, mas também mergulha nas feridas abertas da América Latina – especialmente a crueldade contra crianças em contextos de migração e violência.

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Um herói imperfeito em um mundo menos perfeito

Ben Affleck retorna ao papel que talvez seja um dos mais fascinantes de sua carreira: um protagonista neurodivergente, frio em seus cálculos, mas humano em suas contradições. Desta vez, Wolff se vê envolvido em uma trama que conecta lavagem de dinheiro, tráfico de armas e, o mais dolorido, a exploração de menores em rotas migratórias. A violência latino-americana não é pano de fundo, mas sim um personagem em si – retratada sem glamour, com cenas que escancaram a realidade de famílias deslocadas à força.

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Jon Bernthal, como Brax, rouba a cena novamente. Sua química com Affleck é eletrizante, oscilando entre cumplicidade e tensão, enquanto os dois personagens navegam um mundo onde a lei é ditada por cartéis e burocratas corruptos. A dinâmica dos irmãos (agora com laços mais explorados) adiciona camadas de humor e tragédia, tornando-os uma das duplas mais cativantes do cinema de ação recente.

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Sotaque latino e uma vilã inesquecível

Daniella Pineda (Jurassic World: Domínio) interpreta uma assassina tão carismática quanto aterrorizante, cujo passado a liga a redes criminosas que operam nas fronteiras dos EUA com a América Latina. Oscilando em dramas com sotaques hispânicos e suas motivações ambíguas a tornam uma antagonista complexa, longe dos clichês de “vilão sem rosto”. Cynthia Addai-Robinson também retorna como Marybeth, representando a ponte entre o mundo sombrio de Wolff e o público – seu papel ganha peso emocional ao confrontar a burocracia que falha em proteger os vulneráveis.

O filme não tem medo de mostrar a brutalidade enfrentada por crianças em rotas migratórias, seja em sequências de ação ou em diálogos cortantes. Uma cena em particular, envolvendo um abrigo clandestino, é de partir o coração – e serve como crítica mordaz às políticas de imigração e ao descaso com vidas inocentes.

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Ação com propósito (e um toque de humor)

Gavin O’Connor mantém seu estilo: cenas de luta precisas, tiroteios frenéticos e uma narrativa que nunca perde o foco emocional. Diferente do primeiro filme, porém, O Contador 2 equilibra melhor o tom, com momentos de alívio cômico – como a cena surpreendente de Affleck dançando música country.

O roteiro, coescrito por Bill Dubuque, evita fórmulas preguiçosas. Cada reviravolta tem consequências, e os vilões não são meros obstáculos, mas produtos de um sistema corrompido. “Quisemos mostrar que os verdadeiros monstros não estão nas sombras, mas nas estruturas que permitem que o sofrimento continue”, comentou O’Connor em entrevista.

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Nota do Bolívia Cultural: 4,5 de 5 estrelas

O Contador 2 é raro exemplo de sequência que expande o universo original sem trair sua essência. Entre cenas de ação espetaculares e performances carismáticas, o filme traz à tona discussões necessárias sobre migração, infância e a violência estrutural que assola a América Latina.

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O Bolívia Cultural participou da cabine de imprensa na pré-estreia do filme no Shopping Cidade São Paulo e recomenda: imperdível para quem busca entretenimento com peso social.

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“Affleck e Bernthal são uma dupla explosiva, mas é a humanidade por trás dos números que faz deste filme uma experiência marcante.” – Bolívia Cultural

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