O legado andino que valoriza a Mãe Terra e promove uma conexão profunda com a natureza. Uma visão integradora, preservada por povos originários e difundida pelos migrantes ao redor do mundo.
Publicado • 18/08/24 às 02:52h
Atualizado • 19/08/24 às 18:37h
A PachaMama, ou Mãe Terra, é a deidade máxima para muitos povos originários dos Andes, incluindo os bolivianos e peruanos, estendendo sua influência ao noroeste da Argentina e ao norte do Chile. Herança da civilização Inca, a PachaMama transcende o conceito de solo ou geologia, representando a totalidade do que a terra oferece: vida, sustento, e a harmonia essencial para a existência.
Para esses povos, a PachaMama não é apenas uma figura espiritual, mas uma realidade vivida. Ela é vista como a Mãe de tudo que é orgânico, trazendo a vida em sua plenitude, oferecendo alento, nutrição e ensinamentos. Esse vínculo profundo entre a humanidade e a terra é preservado nas tradições dos povos das montanhas do Peru, Bolívia, Chile, Equador e Argentina, além de outras comunidades originárias da América Latina.
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O Significado de PachaMama
O termo “PachaMama” deriva do quéchua, onde “mama” significa mãe e “pacha” refere-se ao tempo, espaço, terra, divino e sagrado. Assim, PachaMama simboliza não só a fertilidade da terra, mas também a maternidade, proteção e o ciclo da vida.
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Representada como uma figura serena, sorridente, que dá à luz cercada de felicidade, a PachaMama é vista como generosa e protetora. No entanto, ela também pode se enfurecer quando ofendida, punindo com doenças aqueles que a desrespeitam.
Essa cosmovisão, compartilhada por muitas comunidades campesinas e originárias, reflete um amor e devoção profundos pela terra. É uma relação afetiva que desperta em nós um senso de cuidado, proteção e identificação com o mundo natural.
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A Consciência PachaMama
A Consciência PachaMama representa uma mudança de perspectiva. Ela nos convida a recuperar virtudes preservadas pelas comunidades andinas e a reencontrar um vínculo real com a vida, percebendo o valor em tudo ao nosso redor, desde o ciclo de crescimento de uma simples cenoura até o serviço silencioso das abelhas.
Esse movimento de retorno à vida poética e mágica é o que o Movimento Nación PachaMama busca trazer para a humanidade, despertando uma dimensão fundamental da vida que muitas vezes é negligenciada em nossa sociedade moderna.
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O Legado dos Povos Andinos Migrantes
Essa consciência não está restrita aos Andes. Graças à migração, muitos originários levam essa cosmovisão pelo mundo afora, praticando uma existência conectada com a Mãe Terra em diferentes continentes. No Brasil, por exemplo, foi criado há cinco anos o Centro Cultural Andino Amazônico Afro em São Paulo, onde originários bolivianos e sul-americanos compartilham essa visão em meio à agitação da cidade.
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1º de Agosto: O Dia de PachaMama
Mesmo após a destruição do Império Inca pelos espanhóis, a devoção à PachaMama permanece viva. No dia 1º de agosto, os povos andinos celebram essa deidade enterrando oferendas em locais próximos às suas casas, incluindo alimentos, folhas de coca, yicta, álcool, vinho e chicha. Este ato simboliza a continuidade e resistência cultural, alimentando a Mãe Terra em um gesto de gratidão e reverência.
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Um Legado de Bem Viver
A consciência da PachaMama, difundida por comunidades humanas nos Andes e pelo mundo, propõe uma visão integradora. O conceito de Bem Viver, ou Sumak Kawsay, entende a terra como um ser vivo, não como um recurso a ser explorado. Essa cosmovisão valoriza a diversidade e busca um equilíbrio energético que sustenta os ecossistemas, promovendo uma relação harmoniosa entre a humanidade e a Terra.
A Consciência PachaMama, então, é um chamado ao despertar para uma nova forma de existir, em sintonia com a natureza e com o cosmos, respeitando e celebrando a diversidade que enriquece o tecido da vida no planeta.