Precariedade alarmante na saúde bucal de crianças imigrantes em São Paulo

Detectados números alarmantes de cáries em crianças bolivianas na rede pública de educação em São Paulo

Publicado • 09/04/25 às 13:42h

A comunidade boliviana, a maior população imigrante do Brasil, está profundamente integrada à sociedade paulistana desde os anos 1970. Inicialmente composta por imigrantes em busca de qualificação técnica, a migração se intensificou nas décadas de 1980 e 1990, especialmente das cidades de La Paz e El Alto. A partir dos anos 2000, a migração passou a incluir também populações do interior de Cochabamba e Oruro.

Com o direito universal à educação garantido no Brasil, os filhos de imigrantes bolivianos ocupam escolas em bairros de alta concentração migratória. Professores destacam a boa relação desses alunos com a escola e seu desempenho acadêmico, com excelentes notas e participação ativa em competições de matemática e xadrez. No entanto, um problema grave tem sido identificado: a precariedade da saúde bucal dessas crianças.

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Saúde bucal precária: um problema alarmante

Professores da rede pública municipal e estadual de São Paulo relataram à redação do Bolívia Cultural que a saúde dental de muitas crianças bolivianas tem sido negligenciada em casa. Em vários casos, a falta de informação ou de tempo dos pais impede que os filhos recebam atendimento odontológico adequado. Muitos pais não utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) para prevenção e tratamento de cáries, resultando em crianças com dores constantes e dentes severamente comprometidos.

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“É triste ver nossos alunos com dores ou dentes completamente cariados, sabendo que eles se esforçam tanto na escola. Os pais precisam dedicar mais atenção à saúde das crianças”, declarou uma professora de uma escola no bairro da Vila Albertina, em São Paulo. Segundo os docentes, mais de 80% das crianças imigrantes sofrem de problemas de saúde bucal.

Rosana Camacho, presidente da Associação de Residentes Bolivianos (ADRB), confirma essa realidade. A ADRB, que atua desde 1995 na área da saúde desde 1995 junto à comunidade imigrante, tem incluído a saúde bucal entre suas campanhas sociais periódicas. “Os pais acabam negligenciando a ida ao dentista por causa da rotina exaustiva de trabalho, especialmente no setor de confecção, onde o rendimento financeiro está diretamente ligado à produção”, explica Camacho. A ADRB tem intensificado suas campanhas de prevenção, promovendo aplicação de flúur e ações educativas sobre higiene bucal, mas os esforços ainda são insuficientes diante da grande demanda.

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Soluções e ações necessárias

Embora existam iniciativas pontuais, é fundamental que o estado de São Paulo e as instituições de apoio ao imigrante ampliem seus programas voltados à saúde bucal infantil. O problema exige uma abordagem integrada, incluindo prevenção, acesso facilitado ao atendimento odontológico e campanhas de conscientização para os pais.

Importante destacar que instituições diversas têm a iniciativa de conscientizar e atender em campanhas gratuitas à saúde bucal das crianças imigrantes, a exemplo da ADRB, Centro do Imigrante, Instituto Impacto Saúde, CAMI e Missão Paz, Ambulatório Integrado de Saúde – UNINOVE Campus Vergueiro.

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Comunidades organizadas têm um papel essencial nesse processo. Promover a saúde bucal dessas crianças significa garantir que elas possam continuar seu excelente desempenho escolar sem dores e desconforto. Um sorriso saudável é mais do que estética; é qualidade de vida e dignidade. O futuro dessas crianças depende de um esforço coletivo entre famílias, escolas, sociedade civil e poder público para assegurar que o direito à saúde seja plenamente exercido.

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