Publicado em 12/10/23 às 23:16h
Atualizado em 13/10/23 às 12:25h
A recepção do filme “Som da Liberdade” entre os imigrantes sul-americanos no Brasil tem sido marcada por uma profunda identificação com as realidades retratadas na tela. A história, que aborda temas sensíveis como a exploração infantil e a corrupção social, ressoou de maneira particular entre os espectadores que compartilham experiências semelhantes em suas trajetórias de vida.
IMIGRANTES COMENTAM SOBRE O FILME
O casal de imigrantes bolivianos, Isabella Nogales e Efrain Luna, expressou sua conexão emocional com o filme, destacando como a narrativa ecoou experiências vividas em sua terra natal, especialmente durante as décadas de 70, 80 e 90 na cidade de La Paz, Bolívia. A frase “cuidado que el gringo te puede robar” parpadeava em suas lembranças de infância, reforçando a realidade assustadora do tráfico de crianças e a exploração infantil consumida principalmente pelo mercado Norte Américano, como retratado corajosamente no filme.
Para Efrain, a poderosa trilha sonora, incluindo a voz de “La Negra Mercedes Sosa”, proporcionou uma experiência emocional intensa, enquanto Isabella enfatizou que o filme não apenas denuncia as injustiças, mas também serve como um apelo urgente por mudança social. A luta contra um sistema conivente com a violência e a impunidade é retratada como uma batalha contínua e árdua, evidenciando a necessidade premente de uma sociedade mais justa e equitativa.
O impactante filme deixou uma marca profunda em Patrícia Veja, advogada com raízes brasileiras e bolivianas. Ela revelou que a cena em que um agente descobre álbuns fotográficos de crianças nas prateleiras de um pedófilo a tocou profundamente, especialmente quando percebeu que um desses álbuns apresentava crianças bolivianas.
Com uma expressão preocupada, a advogada compartilhou sua própria experiência no bairro do Brás, onde, há alguns anos, ficou ciente de um caso chocante de uma mãe que submetia sua filha a abusos sexuais em troca de dinheiro. Ela ressaltou que esses crimes terríveis muitas vezes ocorrem nos locais menos esperados. Mensalmente, Patrícia atende, no mínimo, um caso de estupro de vulnerável dentro da comunidade boliviana em São Paulo.
“Desde o início até o fim do filme, senti um arrepio na barriga. O tráfico de crianças é absolutamente inaceitável e deve ser combatido por todos nós”, concluiu Patrícia Veja, enfatizando a necessidade urgente de abordar e erradicar esse flagelo insidioso.
O sucesso do filme entre os imigrantes sul-americanos não é surpreendente, dada a relevância e sensibilidade da abordagem do filme para questões profundas e frequentemente negligenciadas. A marca de mais de 1,7 milhão de espectadores brasileiros reflete a ampla aceitação e o reconhecimento da importância de amplificar essas histórias urgentes e significativas para um público mais amplo.
A promoção do filme tem sido divulgada nas redes sociais dos imigrantes em São Paulo desde julho de 2023, através das plataformas dos portais Bolívia Cultural – Planeta América Latina – Guia do Imigrante