Sharoll conclui mestrado em Harvard e se formará vestindo roupas de Cholita Pacenha

Sharoll Fernández Siñani, uma jovem da cidade de La Paz na Bolívia, concluiu seu mestrado em políticas de educação e análise na Universidade de Harvard.

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Sharoll conclui mestrado em Harvard e se formará vestindo roupas de Cholita Pacenha

A jovem Sharoll se destaca por cursar em alto rendimento em uma das universidades mais prestigiadas do mundo. Seu objetivo é trabalhar nessa área no país, especialmente com crianças e jovens bolivianos. Afirmou que para sua cerimônia de formatura, ela comparecerá vestindo uma manta e uma pollera, como em qualquer outra festa boliviana.

A jovem “paceña” (natural da cidade de La Paz) estudou no Instituto Adventista Los Andes e depois frequentou as aulas de administração de empresas e literatura na Universidade Mayor de San Andrés (UMSA) e na Academia de Belas Artes "Hernando Siles". Em 2015, ela fundou a organização sem fins lucrativos Zera Bolivia, que visa desenvolver o pensamento crítico, inteligência emocional e autoconhecimento junto a crianças, pais e mães que vivem em prisões, hospitais, áreas rurais ou com mães adolescentes. "Trabalhamos com jovens voluntários e professores, mesmo durante a pandemia", afirmou. 

No meio dessa vida agitada, Sharoll viu um programa de Harvard que a interessou e fez sua inscrição. "Escrevi um ensaio para a inscrição e passei por todo o processo por conta própria, em um computador em minha casa, na área de La Portada, em La Paz. Em março do ano passado, fui aceita", disse ao jornal boliviano (Página Siete).

Foi um dos anos mais intensos. Ela frequentou aulas antes, durante e depois do ano letivo regular, até mesmo no inverno. "Ao fazer o mestrado, você pode optar por se concentrar em uma área. Assim, meu programa foi em políticas de educação e análise com concentração em identidade, poder e justiça. Várias das minhas aulas tinham o objetivo de compreender profundamente esses três princípios, especialmente em espaços educacionais, mas também em como aplicá-los em qualquer contexto que possa se tornar um espaço de aprendizado".

Sharoll também é artista e, no ano passado, realizou uma exposição de quadros que se destacam por suas cores e formas femininas de uma mulher com pollera, o traje típico boliviano. Ela se vestiu com essa roupa tradicional. "Para mim, quando estou na cidade de La Paz, vou a festas patronais catolicas com minha família e amigos vestindo pollera, e o mesmo acontece em casamentos. A apresentação da exposição foi uma festa, e minha formatura também será, e eu irei vestida de pollera", afirmou.

Sharoll se formará no mestrado nesta quinta-feira, durante a cerimônia principal da universidade. Mas ela já usou suas mantas e chapéu na cerimônia de formatura por afinidade. Essa é uma série de eventos preparados pela universidade para os estudantes de acordo com suas origens. "Eu sou aymara, meus pais também são, embora eu não fale a língua devido às dinâmicas sociais do país. Eu escrevi sobre isso em um artigo para a Revista de Harvard e apresentarei um livro", disse ela. 

 

LA CHOLA BOLIVIANA

Na Bolívia, chola é uma denominação étnica referida a mulheres mestiças. O termo aplica-se de maneira contemporânea àquelas que utilizam vestimentas tradicionais estabelecidas durante o processo inicial de mestiçagem no atual território boliviano, e também se estende à outras mulheres mestiças e indígenas.

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O vestuário da chola na Bolívia é um amálgama de elementos impostos aos ameríndios pelo sistema colonial que limitava o uso de roupas identificadas como pertencentes às culturas dos Andes, além de elementos e materiais ressignificados. Após as proibições de se vestir no estilo de seu próprio povo, foi imposto um sistema de categorização de roupas atribuídas por região e casta. Assim, os aimaras, quéchuas e guaranis tiveram que abandonar suas próprias roupas e adotar as estabelecidas pelo regime colonial.

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Atualmente, uma das características definidoras das mulheres auto-identificadas como cholas são seus trajes, caracterizados pelos seguintes elementos:

Chapéu.
Nas diferentes regiões do país, as cholas bolivianas usam chapéus de asa curta ou média. Estes têm evoluindo e em alguns casos têm sido substituídos por gorros de lã, chapéus plásticos de asa larga ou boinas.

Blusa ou chaquetilla.
As blusas ou chaquetillas das cholas em Bolívia mostram variações regionais e generacionales. Existem tecidos leves nos vales e tecidos mais pesados nas regiões do altiplano. A peça também apresenta variações de acordo com as circunstâncias, de modo que as blusas de uso diário costumam ser simples e as de festas costumam apresentar bordados e maior detalhe na confecção e nas cores. De acordo com o clima, podem ser acompanhadas de chompa, blusa de lã, além da manta tradicional.

Pollera.
As saias de chola são chamadas ''polleras''. A identificação dessa peça com a chola é tal que o eufemismo "mulher de pollera" ou "senhora de pollera" é usada para se referir às cholas, evitando assim a conotação ainda predominante pejorativa e racista associada ao termo. Estas saias são caracterizadas por serem largas e plissadas, dependendo da região podem variar em comprimento, material e acessórios. As partes principais da pollera são: presilla, paño, basta ou alforzas e trencilla. Além disso, sob as saias pode-se usar anáguas, que também são chamadas manqanchas em algumas regiões da Bolívia. As anáguas podem ser várias e de diferentes cores dependendo da ocasião e o clima.

Calçado.
O calçado da chola pode incluir botas ou botinas com cordões, ''abarcas'' ou sandalias e sapatos de salto baixo dependendo da idade da portadora e da região. Também se utilizam meias de lã, polainas ou meias de nylon com ou sem desenhos.

Manta.
As mantas de chola levam detalhes de macramé e são usadas sobre os ombros, com frequência presas com prendedores. Os materiais e decorações variam, incluindo lã de vicunha, alpaca, tecidos sintéticos com desenhos estampados, tecidos lisos com bordados e de renda.

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Acessórios.

Tullmas: laços tecidos de lã, fio ou fitas com as bordas enfeitadas com pedraria ou miçangas que unem as tranças.

Joalheria: Dependendo da região e a classe social pode ser usual o uso de joias de prata, ouro, platina ou bijuterias. Em festas tradicionais e entradas folclóricas as cholas costumam levar acessórios em mantas e chapéu denominados topos, bem como jogos de brincos e anéis.

Aguayo: Entre as cholas das culturas aimara e quechua é frequente o uso do ''aguayo'' geralmente colorido, como um acessório para o transporte de crianças, produtos e como ornamento.

Fonte: paginasiete.bo
wikipedia - fotos - divulgação

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