Cultura

Publicado em 04/09/23 às 20:11h.

O "Álbum de paisajes, tipos humanos y costumbres de Bolivia" (1841-1869) do renomado pintor, jurista e naturalista “sucrense” (nascido na cidade de Sucre) Melchor María Mercado está prestes a marcar presença na Bienal de São Paulo de 2023, um evento de destaque mundial que ocorrerá entre os dias 6 de setembro e 31 de dezembro deste ano. Esta notável notícia foi anunciada pelo diretor do Arquivo e Biblioteca Nacionais da Bolívia (ABNB), Máximo Pacheco, em Sucre, Chuquisaca, no dia 4 de setembro de 2023.

A inclusão deste álbum nas exposições da Bienal de São Paulo (segundo mais importante do mundo) é um marco significativo para a arte e a cultura bolivianas. A Fundação Bienal de São Paulo solicitou o empréstimo desta obra singular, e a Fundação Cultural do Banco Central da Bolívia (FC-BCB) reconheceu prontamente a importância deste evento, concordando em cumprir todos os procedimentos necessários para tornar isso possível. Essa colaboração cultural entre a Bolívia e a República Federativa do Brasil promete enriquecer o intercâmbio entre as duas nações e celebrar a riqueza da herança artística e histórica da Bolívia.

Preparando a Exposição: Montagem do Precioso Acervo de Melchor María Mercado para a Bienal de São Paulo 2023, de 6 de setembro a 31 de dezembro. (fotos - divulgação)

O papel fundamental desempenhado pelo ABNB como intermediário nesta empreitada cultural é digno de nota. A instituição, vinculada à Fundação Cultural BCB, desempenhou um papel crucial ao facilitar a presença da obra de Melchor María Mercado na Bienal. Além disso, o ABNB nomeou o restaurador Gonzalo Vera para auxiliar na montagem da exposição, garantindo que a obra seja apresentada da forma mais impressionante possível.

A vida e obra de Melchor María Mercado são um legado valioso para a Bolívia e o mundo. Nascido em Sucre em 6 de janeiro de 1816, ele não apenas se destacou como pintor, mas também exerceu uma ampla gama de papéis na sociedade boliviana. Ele estudou direito na Universidade de San Francisco Xavier em 1845 e, ao longo de sua vida, desempenhou diversos papéis, incluindo professor, advogado, funcionário público, militar, político e explorador.

Melchor María Mercado era um artista autodidata que se destacou nas técnicas de óleo e aquarela. Sua arte foi profundamente influenciada pela obra do explorador e naturalista Alcides de D'Orbigny, que esteve na Bolívia entre 1830 e 1833. D'Orbigny inspirou Mercado a criar uma forma de arte que capturasse a essência da população, dos costumes e da natureza das regiões dos Andes e da Amazônia que ele explorou ao longo dos anos. Como resultado, a obra de Melchor María Mercado se tornou um testemunho visual praticamente abrangente de todo o território boliviano.

O "Álbum de paisagens, tipos humanos e costumes da Bolívia", que é cuidadosamente mantido pelo ABNB, é uma coleção notável de aquarelas e tintas que abrange um período de 28 anos, de 1841 a 1869. As 119 pranchas que compõem este álbum são executadas em papel comum, no formato ofício da época, mantendo um tamanho uniforme. Seus temas abrangem paisagens deslumbrantes, retratos de diversos grupos humanos e sociais, representações de animais, plantas, cenas do cotidiano, costumes, arquitetura e utensílios de trabalho da Bolívia do século XIX.

Vale ressaltar que este tesouro artístico passou por um processo de restauração em 1991 e foi publicado juntamente com um ensaio preliminar elaborado por Gunnar Mendoza Loza, então diretor do ABNB. Além disso, em 2020, o álbum foi reconhecido como parte da Memória do Mundo Regional da Bolívia, o que destaca ainda mais sua importância cultural e histórica. 

A inclusão do "Álbum de paisagens, tipos humanos e costumes da Bolívia" na Bienal de São Paulo 2023 é, sem dúvida, uma oportunidade extraordinária, não apenas para o público internacional, mas também para as famílias de imigrantes bolivianos que residem no estado de São Paulo. Esta exposição oferece a todos eles uma chance única de mergulhar na riqueza da cultura e da arte bolivianas, tudo isso em um cenário de prestígio internacional.

O evento é também um testemunho do esforço incansável das instituições culturais e da embaixada boliviana em Brasília, que desempenharam um papel estratégico na gestão institucional e cultural entre o Brasil e a Bolívia. Essas entidades têm trabalhado diligentemente para preservar e promover o legado inestimável de Melchor María Mercado, um artista cujo trabalho continua a transcender fronteiras e tocar os corações de pessoas em todo o mundo.

Portanto, esta Bienal não é apenas uma exposição artística, mas também uma celebração da conexão cultural entre a Bolívia e o Brasil, e uma homenagem ao poder duradouro da arte em conectar as pessoas e as comunidades. Que todos aqueles que visitarem esta exposição se sintam enriquecidos pela beleza e profundidade da herança artística da Bolívia e inspirados pela visão visionária de Melchor María Mercado.

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